terça-feira, 26 de julho de 2016

Panathenaia

PANATHENAIA (Παναθήναια) 


A Panathenaia é, de fato, a celebração do nascimento de Atena, de acordo com a tradição que diz que foi no dia 28 de Hekatombaion que Ela irrompeu da cabeça de Zeus (representado no frontão triangular do lado leste do Parthenon). Embora seja o dia dela, todos os Olimpianos atendem às festividades (como vemos no friso leste), porque todos eles estavam presentes no nascimento dela. Esta é uma festa sagrada, na qual os Deuses e mortais celebram juntos o nascimento de Atena. O dia anterior à procissão Panathenaica é chamado de Pannykhis/Ponnykhis (Vigília de Noite-Inteira, com corridas de tochas, danças de virgens e jogos juvenis; um aspecto comum dos festivais gregos, uma vez que eles começam ao pôr-do-sol). Ao nascer do sol, o fogo sagrado é tirado do altar de Eros na Academia, onde um sacrifício foi feito a Eros e Atena (na Academia também há um altar a Prometeu, que trouxe o fogo aos mortais), e uma corrida de tocha leva o fogo para o altar de Atena. A cada quatro anos, a Panathenaia Maior é feita, para a qual um novo peplos (manto) é tecido para a Deusa (Seu presente de aniversário). Em sua faixa central de painéis se apresenta a Gigantomaquia, a batalha dos Gigantes contra os Olimpianos (representada nas métopas leste do Parthenon), que simboliza o triunfo da civilização sobre a selvageria. A procissão traz o peplos até a cidade, pendurado como uma vela no mastro de um navio com timão, o qual é pilotado por sacerdotes e sacerdotisas adornados com guirlandas coloridas. Epheboi (jovens rapazes) montados podem acompanhar a procissão. O navio é deixado na entrada dos precintos sagrados e o manto é carregado pelo resto do caminho sozinho ou no mastro. Na cabeça da procissão Panathenaica estão as Kanephoroi, as garotas enfeitadas de ouro, que carregam as Kana, as sagradas cestas de oferendas, as quais são dadas aos mestres-de-cerimônias no altar. As Kana contém a cevada que é atirada sobre o sacrifício e que cobre os implementos sacrificiais escondidos nas Kana. (Veja "Sacrifício Neoclássico", para mais detalhes.) Depois vêm as Ergastinai (Trabalhadoras), que teceram o novo peplos, e outras garotas trazem tigelas e jarros (cântaros/moringas), incensários e implementos adicionais do ritual. Em tempos antigos, a procissão se dividia em duas filas. A fila do norte trazia uma vaca para Atena Polias, a guardião da cidade na Era do Bronze, e uma ovelha para Pandrosos (uma das filhas de Kekrops). Elas eram sacrificadas no altar do Velho Templo, o qual as Deusas compartilhavam, e a carne assada era comida pelos sacerdotes e funcionários públicos. Esse rito de local fechado é mais velho que o sacrifício ao ar livre, o qual era destinado à fila do sul, que trazia gado para Atena Parthenos, a padroeira da democracia, até o Grande Altar, fora do Parthenon, onde a carne assada era dada ao público. Na procissão mais sagrada do norte, o(s) vitorioso(s) da corrida de tocha (um vitorioso na Panathenaia Menor, e todos os quatro na Maior) devem trazer água para o sacricífio nos hydria (jarros d’água) que eles ganharam nas corridas; eles serviam como Hydriaphoroi (Carregadores de Água). Eles são seguidos por músicos, tanto tocadores de lira (Kitharodoi) quanto flautistas (Auletes), uma vez que a música normalmente acompanha os sacrifícios. Os músicos eram elegantemente vestidos, por exemplo, em khiton (túnica) com mangas, um peplos (manto) e uma himation (capa), como vemos no friso norte do Parthenon (nas placas VII e VIII). Em ambas as filas há os Skaphephoroi (Carregadores de Bandeja), jovens homens vestidos em becas púrpura, que carregam em seus ombros bandejas de bronze ou prata com bolos/tortas e favos de mel. (Eles seguiam os vencedores da tocha na procissão do norte e o gado na procissão do sul.) Depois dos Carregadores de Bandeja, vinham na procissão os Thallophoroi (Carregadores de Ramos), Idosos bem-aparentados, que carregavam galhos das árvores sagradas de oliveira, e os outros celebrantes. Os Não-Helenos (não gregos) carregavam ramos de carvalho. O número 4 organiza a procissão: quatro Hydriaphoroi, quatro Kitharodoi, quatro Auletes, quatro ovelhas e quatro vacas. O peplos é retirado do mastro, se necessário, e dobrado por um jovem garoto ou garota e um sacerdote (o Arkhon Basileus), que o dará para a sacerdotisa de Atena Polias. A garota pode ser uma das Arrhephoroi (veja o festival da Arrephoria no mês de Skirophorion), que eram as filhas rituais do Arkhon; o garoto, que é seu filho ritual, pode ser o rapaz encarregado de alimentar a Cobra Sagrada. Eles correspondem às três filhas e o filho de Kekrops, o homem-serpente que foi o primeiro rei de Atenas e um grande benfeitor das pessoas. Crianças participam de muitas outras formas; algumas carregam accerai (do latim, caixas de incenso) para preencher os thymiateria (incensários). Elas também carregam pequenas e sagradas mesas e cadeiras, que são arrumadas para entreter as Deusas ctônicas (da terra) aliadas com Atena: Pandrosos (Toda Orvalhada) e Ge Kourotrophos (Mãe Terra Cuidadora, a padroeira das enfermeiras). Ge Kourotrophos tem a cadeira maior, uma vez que Ela é mais importante que Pandrosos, pois Ge recebe a prothyma (primeira oferenda) de todos os sacrifícios atenienses, talvez cevada do Kanoun (cesto sagrado) ou bolos de mel trazidos pelos Carregadores de Bandeja (ambas oferendas típicas a deidades ctônicas). A cidade é especialmente agradecida a Ela pelas lindas crianças e jovens mulheres, que caminham juntas na procissão. O trigésimo Hino Homérico agradece a Mãe Terra pelas condições bem-ordenadas da beleza das mulheres; onde seus filhos exultam com alegria e jovial folia; suas filhas tocam em danças de espalhar flores, com o coração feliz, e saltando sobre campos em flor. “Assim dadas a Ti, Sagrada e Rica Divindade”. Note que, como as vítimas do sacrifício, que devem ser livres de máculas, pessoas bem-aparentadas e distintas (hoi kaloi k’agathoi) são proeminentes na procissão - a Deusa é honrada com o melhor que a cidade tem a oferecer. O novo peplos é colocado nos joelhos de Atena como um presente, e é mais tarde armazenado com os tesouros; ela não ‘troca de roupa’ desta vez, isso é feito no festival da Plynteria. Sacrifícios são também feitos para Atena Hygieia (Deusa da Saúde) e Nikê (da Vitória). Na Panathenaia Maior, os três ou quatro dias seguintes à procissão são ocupados por Agones (competições) esportivas (corridas, boxe e luta-livre) e artísticas (música, poesia). Traditionalmente o prêmio para os atletas é uma ânfora Panathenaica contendo óleo de oliva do bosque sagrado da Deusa; e o prêmio para os artistas é uma coroa dourada de olivas silvestres, e às vezes dinheiro. Podem haver competições para as crianças, nas quais elas são premiadas com coroas planas de oliveira. Dez funcionários públicos chamados de Hieropoioi (Administradores dos Ritos) organizam a Panathenaia Menor; os dez Agonothetai (Diretores das Competições) administram a Maior.


Fonte: RHB


Adaptação da Panathenaia para dois dias



Devido ao tempo, ou até mesmo à ausência de uma estrutura organizada que possa estabelecer atividades envolvendo grupos grande, nem sempre é possível celebrar alguns festivais antigos presentes em nossos calendários como eles o eram celebrados na antiguidade. A maior parte dos festivais eram fenômenos que envolviam grandes aglomerações participando ou apenas assistindo, mas o fato é que os festivais religiosos gregos eram comemorações civis com grande quantidade de pessoas. Devido à desestruturação de nossa religião ao longo da história, hoje estamos reduzidos a um número pequeno de adeptos, mas nem por isso desleixados com as suas práticas.
Da mesma forma que os cristãos celebram suas datas religiosas, nós temos o direito de celebrar as nossas. Em momentos como as pompês, celebrações grupais e outras momentos mais dos ritos isso fica complicado de realizar devido às questões numéricas, é aqui que surge a necessidade de adaptações.
O principal momento das Panethenáicas era procissão para entrega do presente de aniversário da Deusa, era nesse momento que a cidade e seus cidadãos mostravam-se com o que tinham de melhor a oferecer para os Deuses. Após isso jogos, sacrifícios e banqutes enormes eram realizadas para toda a pólis em honra de Deusa Atena. Esta é a minha adaptação da celebração para moldes mais versáteis, tentando manter a máxima coerência com os significados e momentos do ritual grego antigo.

Dia 1
O primeiro dia envolve festividades mais relacionadas à purificação da casa e do altar para a Deusa, bem como a entrega dos presentes e a purificação da casa e do corpo do miasma.

· Pôr-do-Sol e Noite : A celebração começa com um momento de vigília. Do pôr do Sol até a noite pode-se apagar as luzes e usar apenas velas. A casa, quarto ou altar pode ser limpa à luz das velas (preferencialmente azuis, a cor da Deusa). O altar pode ser montado com motivos festivos como fitas azuis, presentes como roupas e acessórios, oferendas votivas e bolos de aniversário. Pode-se confeccionar vasos para libação, pintando-os, ou bordando toalhas para o altar dela. Pode fazer a purificação do ambiente com khernips, após varremos bem o local e ungirmos o altar com óleo de oliva ou azeite. Quando se tem um espaço físico, pode-se fazer a purificação antiga, ou seja, a purificação pelo enxofre algumas horas antes, ou, para quem busca algo mais simples, a fumigação com incenso.

· Nascer do dia: Ao nascer do dia começam os rituais propriamente religiosos. Começamos pela preparação das ofertas e libações a serem entregues. Podemos ofertar roupas, como na antiguidade quando um peplos novo, que era confeccionado durante cerca de nove meses, era entregue como presente à Deusa nas Panethenáias maiores, além disso podemos fazer outras ofertas como jóias ou acessórios em geral. Uma dica: escolha temáticas que tenham relação com a Deusa, como: colares, anéis, broches ou pulseiras com serpentes, corujas ou górgonas. Como comidas podemos fazer bolos, biscoitos ou pães em formato de cabras e vacas. Para libar: azeite, vinho, mel. O ritual segue as linhas gerais: purificação (feita na noite anterior), hino à Héstia, ao Deus do festival e aos Deuses e heróis que se queira louvar junto, nesse caso, podemos louvar a virtude dos heróis, como Odisseu, Belerofonte, Perseu e Hérakles. Podemos relembrar mitos em que se conta como Ela sempre esteve presente nas ações desses heróis, fazendo algo como que promessas de melhorarmos nossa conduta de modo a nos tornarmos dignos de estar frente à divina face dos Deuses, em especial dela. Após isso podemos fazer as ofertas e o sacrifícios dos simulacros, agradecendo à Deusa pela sua proteção e observância durante esse ciclo, parabenizando-a pelo seu aniversário e tudo o mais que se queira fazer, como rituais de advinhação, encenações de mitos, danças ou músicas.

Dia 2· O segundo dia fica reservado à jogos, competições e momentos de agradecimento em geral. Se você tem filhos, pode levá-los para conhecer locais importantes para a história de sua cidade, ou fazer competições com eles. Pode-se reunir amigos e famílias para um grande churrasco (caso você coma carne, opte especialmente por carnes de vaca e cabra) em honra dela. As competições podem ser premiadas com vasos cheios de leite ou doces no caso das crianças. O importante aqui é não perder o sentido do ritual e transformar as ações em momentos indiferentes ou apenas ‘ocasiões’. Deixe claro a intensão da celebração, mesmo que os outros não compartilhem da mesma fé que você. Não é necessário que eles participem do ritual, mas apenas que respeitem e/ou entendam o motivo das festividades. Ações veladas podem ser entendidas como vergonha, do meu ponto de vista,frente à fé que defende pratica e aos Deuses que você cultua.

Fonte: Ta Hiera

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