quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Ortopraxia

Quem acompanha minhas postagens sabe que gosto e retiro muitas coisas do site RHB.

Porém, descobri uma sessão chamada Ortopraxia em que há respostas para dúvidas bastante comuns, que eu mesma tinha, na prática de nossa religião.

Super recomendo que leiam TODAS as postagens, pois elas tornam nossas práticas melhores. Além disso, o site contém informações confiáveis e com boas referências.

http://www.helenos.com.br/Home/ortopraxia


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Hino de Proclus para Hécate e Janus

Retirado de Olympianismos

Salve, Mãe dos Deuses, de muitos nomes,
cujos filhos são justos.
Salve, poderosa Hécate, Senhora do Limiar.
E salve também, antepassado Janus e Zeus Imperecível.
Salve Zeus, o mais poderoso.
Guie o curso de minha vida com luz luminosa,
e a torne carregada com coisas boas.
Conduza a doença e o mal para longe de meu corpo.
E quando minha alma se enfurecer com coisas mundanas,
purifique-me com seus rituais que mexem na alma.
Sim, dê-me sua mão, eu rezo,
e revela-me os caminhos da orientação divina que desejo.
Então, eu olharei para aquela preciosa luz,
com a qual eu posso fugir do mal de nossa origem escura.
Sim, dê-me sua mão, eu rezo,
e quando estiver cansado, leva-me para o refúgio de piedade com os seus ventos.
Salve, Mãe dos Deuses, de muitos nomes, cujos filhos são justos.
Salve, poderosa Hécate, Senhora do Limiar.
E salve também, antepassado Janus e Zeus Imperecível.
Salve Zeus, o mais poderoso.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Atena em campos nada convencionais

     Escrevo essa postagem no terceiro dia de Maemactérion, como todo terceiro dia, dedicado à Atena. Já faz um tempo em que sinto uma relação de devoção com Atena diferente das demais, uma relação mais formal, técnica e até mesmo um pouco esfriada. Confesso que minha vida não me permite rezar todo dia a noite, à Atena, com a consciência limpa. Uma vez que havia prometido a Ela fazer o meu melhor, mas reconheço que não me esforço o bastante. Sei que o melhor sempre é impossível, porém, o necessário é um equilíbrio entre as forças.
     Entretanto, hoje, meditando sobre Ela, percebi que Atena não está presente somente na ciência ou nos meios acadêmicos, de uma forma rígida, suas bençãos e sua sabedoria podem ser utilizadas até em campos nada convencionais, como por exemplo o amor. Tudo está baseado na superação da auto-ilusão e reconhecimento do real motivo de suas ações. Além disso, a racionalidade, como pensar em causa e consequência, seguir modos de agir para atingir um resultado melhor, evitar o impulso, são coisas relacionadas aos aspectos de Atena que você pode adotar em sua vida até em coisas que fogem a razão, como a parte emocional.
     Acredito que a partir do momento em que você tem consciência do motivo de suas ações, mesmo que ainda no processo de mudá-las (sabendo que é errado, mas querendo continuar no errado), você já sente mais a presença da Deusa.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Deusa Tyche

Texto retiradado de Tales Beyond Belief 



Tyche, a Deusa grega da Fortuna e Sorte, associada com o acaso. Ela era uma Deusa do Destino e, portanto, ligada às Três Moiras na Mitologia Grega. Tyche foi muitas vezes adorada em cidades como o guardiã da boa sorte e prosperidade.
Se a qualquer momento, o comportamento de quem recebia suas bençãos fosse considerado orgulhoso ou arrogante, essa pessoa seria severamente repreendido pela Deusa Nemêsis. Os poderes de Tyche de concessão de favores excessivos à mortais, que depois ficam cheio de orgulho ou arrogância, são temperados por Nemêsis, a Deusa da Vingança e da "distribuição, aquela que cobra dívidas".

Quem foi Tyche?
Tyche era a Deusa grega da Fortuna e uma dos muitos Deuses e Deusas adorados pelos gregos antigos. O mito sobre Tyche tem sido transmitido através dos tempos e desempenha um papel importante na história do mundo antigo e no estudo dos clássicos gregos. Tyche foi associada com o mito de Oceanides, em que Ela foi descrita como uma ninfa mais velha, uma Deusa das nuvens celestiais, associada aos Titãs e personificada como as bênçãos da Boa Fortuna. Seu pai era o Titã Oceanus e sua mãe era Tétis. A Ela foi dada a imortalidade e os poderes de uma Deusa, por Zeus, depois que Ela ajudou a salvar Olimpo dos esquemas de Gaia durante a batalha contra os Titãs. Em histórias posteriores, Tyche era considerada filha de Hermes e Afrodite. Ela era adorada em várias partes da Grécia, mas mais particularmente pelos atenienses, que acreditavam em sua preferência especial para a sua cidade.

As crenças religiosas dos antigos gregos que se baseiam na ideia de que esses seres sobrenaturais se assemelhavam à mortais, mas possuíam grandes poderes mágicos e místicos.

Tyche personificava a combinação de acontecimentos aleatórios e circunstanciais que chamamos de sorte, fortuna, acaso, porém podendo serem bons ou ruins. O elemento de má sorte é refletido por palavras tais como desastre, infortúnio e azar, e considerando que a boa sorte e fortuna refletem o sucesso e prosperidade. Enquanto a sorte e o azar são vistos como duas manifestações separadas, elas são sempre vistas em Tyche, uma única Deusa.
No entanto, Ela é vista como inconstante em suas bençãos. Ela distribui presentes, a alguns, em um chifre da abundância, e a outros, Ela priva de tudo o que eles têm. Se uma pessoa teve sucesso em tudo o que empreendeu sem possuir nenhum mérito especial de sua autoria, foi dito Tyche lhe sorriu em seu nascimento. Se imerecida má sorte seguiu ao longo da vida, e seus esforços resultaram em fracasso, foi atribuída a sua influência adversa. Com o passar do tempo, outra Deusa surgiu chamada Eutychia que era a Deusa da Felicidade que possuía apenas os atributos positivos da Tyche.

Tyche tem sua contraparte romana, a Deusa Fortuna. Quando o Império Romano conquistou os gregos em 146BC, os romanos assimilaram vários elementos de outras culturas e civilizações, incluindo os Deuses e Deusas que eram cultuados pelos gregos antigos. Muitos dos Deuses e Deusas gregas foram, portanto, adotados pelos romanos, com nomes latinos.



Os Símbolos de Tyche
Cada Deus grego antigo e Deusa foram associados com símbolos especiais, animais e atributos. Os símbolos de Tyche ajudaram os gregos antigos a instantaneamente reconhecer os Deuses e Deusas que nas estátuas e imagens. Ela é descrita em várias formas, em algumas, há, em sua mão, dois lemes,  Ela pode aparecer com os olhos vendados ou em pé sobre uma bola ou roda, que são indicativos da inconstância da fortuna. Os símbolos da Tyche eram a roda, asas, o cetro, a cornucópia (corno da abundância), um globo, lemes de navios. Os significados dos seus símbolos foram como se segue:

  • Os dois lemes

Elas simbolizam a capacidade que Tyche tem para orientar ou guiar vidas em duas direções, criando a sorte ou o azar entre os mortais.

  • A roda

A roda simboliza a roda da fortuna.

  • O cetro

O símbolo de autoridade.

  • Asas

Suas asas simbolizado sua magia e o poder de voar.

  • Cornucópia (corno da abundância)

O símbolo de prosperidade e riqueza.

  • O globo

Movimentos com a globo simboliza a incerteza do acaso: por vezes para cima, às vezes para baixo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Livro essencial

Quero compartilhar um livro que me ajuda muito em meu crescimento pessoal, e que acredito ser importante para quem faz parte do Caminho dos Deuses. Mesmo sendo de tradição Wicca, acredito que a realização de uma Roda do Ano, com Esbás e Sabás é extremamente positiva.
Ele está disponível no Scribd. Baixando o App dá para fazer a leitura gratuita e total dele. Vale a pena.
Nele também há outros assuntos interessantes como Magia de Daimons, discussão acerca das Faces de Hécate e de seu culto. 


terça-feira, 26 de julho de 2016

O Sacrifício Neoclássico - Diretrizes

Segue o link do ritual completo https://sites.google.com/site/helenismo/Home/artigos/um-sacrificio-neoclassico

Panathenaia

PANATHENAIA (Παναθήναια) 


A Panathenaia é, de fato, a celebração do nascimento de Atena, de acordo com a tradição que diz que foi no dia 28 de Hekatombaion que Ela irrompeu da cabeça de Zeus (representado no frontão triangular do lado leste do Parthenon). Embora seja o dia dela, todos os Olimpianos atendem às festividades (como vemos no friso leste), porque todos eles estavam presentes no nascimento dela. Esta é uma festa sagrada, na qual os Deuses e mortais celebram juntos o nascimento de Atena. O dia anterior à procissão Panathenaica é chamado de Pannykhis/Ponnykhis (Vigília de Noite-Inteira, com corridas de tochas, danças de virgens e jogos juvenis; um aspecto comum dos festivais gregos, uma vez que eles começam ao pôr-do-sol). Ao nascer do sol, o fogo sagrado é tirado do altar de Eros na Academia, onde um sacrifício foi feito a Eros e Atena (na Academia também há um altar a Prometeu, que trouxe o fogo aos mortais), e uma corrida de tocha leva o fogo para o altar de Atena. A cada quatro anos, a Panathenaia Maior é feita, para a qual um novo peplos (manto) é tecido para a Deusa (Seu presente de aniversário). Em sua faixa central de painéis se apresenta a Gigantomaquia, a batalha dos Gigantes contra os Olimpianos (representada nas métopas leste do Parthenon), que simboliza o triunfo da civilização sobre a selvageria. A procissão traz o peplos até a cidade, pendurado como uma vela no mastro de um navio com timão, o qual é pilotado por sacerdotes e sacerdotisas adornados com guirlandas coloridas. Epheboi (jovens rapazes) montados podem acompanhar a procissão. O navio é deixado na entrada dos precintos sagrados e o manto é carregado pelo resto do caminho sozinho ou no mastro. Na cabeça da procissão Panathenaica estão as Kanephoroi, as garotas enfeitadas de ouro, que carregam as Kana, as sagradas cestas de oferendas, as quais são dadas aos mestres-de-cerimônias no altar. As Kana contém a cevada que é atirada sobre o sacrifício e que cobre os implementos sacrificiais escondidos nas Kana. (Veja "Sacrifício Neoclássico", para mais detalhes.) Depois vêm as Ergastinai (Trabalhadoras), que teceram o novo peplos, e outras garotas trazem tigelas e jarros (cântaros/moringas), incensários e implementos adicionais do ritual. Em tempos antigos, a procissão se dividia em duas filas. A fila do norte trazia uma vaca para Atena Polias, a guardião da cidade na Era do Bronze, e uma ovelha para Pandrosos (uma das filhas de Kekrops). Elas eram sacrificadas no altar do Velho Templo, o qual as Deusas compartilhavam, e a carne assada era comida pelos sacerdotes e funcionários públicos. Esse rito de local fechado é mais velho que o sacrifício ao ar livre, o qual era destinado à fila do sul, que trazia gado para Atena Parthenos, a padroeira da democracia, até o Grande Altar, fora do Parthenon, onde a carne assada era dada ao público. Na procissão mais sagrada do norte, o(s) vitorioso(s) da corrida de tocha (um vitorioso na Panathenaia Menor, e todos os quatro na Maior) devem trazer água para o sacricífio nos hydria (jarros d’água) que eles ganharam nas corridas; eles serviam como Hydriaphoroi (Carregadores de Água). Eles são seguidos por músicos, tanto tocadores de lira (Kitharodoi) quanto flautistas (Auletes), uma vez que a música normalmente acompanha os sacrifícios. Os músicos eram elegantemente vestidos, por exemplo, em khiton (túnica) com mangas, um peplos (manto) e uma himation (capa), como vemos no friso norte do Parthenon (nas placas VII e VIII). Em ambas as filas há os Skaphephoroi (Carregadores de Bandeja), jovens homens vestidos em becas púrpura, que carregam em seus ombros bandejas de bronze ou prata com bolos/tortas e favos de mel. (Eles seguiam os vencedores da tocha na procissão do norte e o gado na procissão do sul.) Depois dos Carregadores de Bandeja, vinham na procissão os Thallophoroi (Carregadores de Ramos), Idosos bem-aparentados, que carregavam galhos das árvores sagradas de oliveira, e os outros celebrantes. Os Não-Helenos (não gregos) carregavam ramos de carvalho. O número 4 organiza a procissão: quatro Hydriaphoroi, quatro Kitharodoi, quatro Auletes, quatro ovelhas e quatro vacas. O peplos é retirado do mastro, se necessário, e dobrado por um jovem garoto ou garota e um sacerdote (o Arkhon Basileus), que o dará para a sacerdotisa de Atena Polias. A garota pode ser uma das Arrhephoroi (veja o festival da Arrephoria no mês de Skirophorion), que eram as filhas rituais do Arkhon; o garoto, que é seu filho ritual, pode ser o rapaz encarregado de alimentar a Cobra Sagrada. Eles correspondem às três filhas e o filho de Kekrops, o homem-serpente que foi o primeiro rei de Atenas e um grande benfeitor das pessoas. Crianças participam de muitas outras formas; algumas carregam accerai (do latim, caixas de incenso) para preencher os thymiateria (incensários). Elas também carregam pequenas e sagradas mesas e cadeiras, que são arrumadas para entreter as Deusas ctônicas (da terra) aliadas com Atena: Pandrosos (Toda Orvalhada) e Ge Kourotrophos (Mãe Terra Cuidadora, a padroeira das enfermeiras). Ge Kourotrophos tem a cadeira maior, uma vez que Ela é mais importante que Pandrosos, pois Ge recebe a prothyma (primeira oferenda) de todos os sacrifícios atenienses, talvez cevada do Kanoun (cesto sagrado) ou bolos de mel trazidos pelos Carregadores de Bandeja (ambas oferendas típicas a deidades ctônicas). A cidade é especialmente agradecida a Ela pelas lindas crianças e jovens mulheres, que caminham juntas na procissão. O trigésimo Hino Homérico agradece a Mãe Terra pelas condições bem-ordenadas da beleza das mulheres; onde seus filhos exultam com alegria e jovial folia; suas filhas tocam em danças de espalhar flores, com o coração feliz, e saltando sobre campos em flor. “Assim dadas a Ti, Sagrada e Rica Divindade”. Note que, como as vítimas do sacrifício, que devem ser livres de máculas, pessoas bem-aparentadas e distintas (hoi kaloi k’agathoi) são proeminentes na procissão - a Deusa é honrada com o melhor que a cidade tem a oferecer. O novo peplos é colocado nos joelhos de Atena como um presente, e é mais tarde armazenado com os tesouros; ela não ‘troca de roupa’ desta vez, isso é feito no festival da Plynteria. Sacrifícios são também feitos para Atena Hygieia (Deusa da Saúde) e Nikê (da Vitória). Na Panathenaia Maior, os três ou quatro dias seguintes à procissão são ocupados por Agones (competições) esportivas (corridas, boxe e luta-livre) e artísticas (música, poesia). Traditionalmente o prêmio para os atletas é uma ânfora Panathenaica contendo óleo de oliva do bosque sagrado da Deusa; e o prêmio para os artistas é uma coroa dourada de olivas silvestres, e às vezes dinheiro. Podem haver competições para as crianças, nas quais elas são premiadas com coroas planas de oliveira. Dez funcionários públicos chamados de Hieropoioi (Administradores dos Ritos) organizam a Panathenaia Menor; os dez Agonothetai (Diretores das Competições) administram a Maior.


Fonte: RHB


Adaptação da Panathenaia para dois dias



Devido ao tempo, ou até mesmo à ausência de uma estrutura organizada que possa estabelecer atividades envolvendo grupos grande, nem sempre é possível celebrar alguns festivais antigos presentes em nossos calendários como eles o eram celebrados na antiguidade. A maior parte dos festivais eram fenômenos que envolviam grandes aglomerações participando ou apenas assistindo, mas o fato é que os festivais religiosos gregos eram comemorações civis com grande quantidade de pessoas. Devido à desestruturação de nossa religião ao longo da história, hoje estamos reduzidos a um número pequeno de adeptos, mas nem por isso desleixados com as suas práticas.
Da mesma forma que os cristãos celebram suas datas religiosas, nós temos o direito de celebrar as nossas. Em momentos como as pompês, celebrações grupais e outras momentos mais dos ritos isso fica complicado de realizar devido às questões numéricas, é aqui que surge a necessidade de adaptações.
O principal momento das Panethenáicas era procissão para entrega do presente de aniversário da Deusa, era nesse momento que a cidade e seus cidadãos mostravam-se com o que tinham de melhor a oferecer para os Deuses. Após isso jogos, sacrifícios e banqutes enormes eram realizadas para toda a pólis em honra de Deusa Atena. Esta é a minha adaptação da celebração para moldes mais versáteis, tentando manter a máxima coerência com os significados e momentos do ritual grego antigo.

Dia 1
O primeiro dia envolve festividades mais relacionadas à purificação da casa e do altar para a Deusa, bem como a entrega dos presentes e a purificação da casa e do corpo do miasma.

· Pôr-do-Sol e Noite : A celebração começa com um momento de vigília. Do pôr do Sol até a noite pode-se apagar as luzes e usar apenas velas. A casa, quarto ou altar pode ser limpa à luz das velas (preferencialmente azuis, a cor da Deusa). O altar pode ser montado com motivos festivos como fitas azuis, presentes como roupas e acessórios, oferendas votivas e bolos de aniversário. Pode-se confeccionar vasos para libação, pintando-os, ou bordando toalhas para o altar dela. Pode fazer a purificação do ambiente com khernips, após varremos bem o local e ungirmos o altar com óleo de oliva ou azeite. Quando se tem um espaço físico, pode-se fazer a purificação antiga, ou seja, a purificação pelo enxofre algumas horas antes, ou, para quem busca algo mais simples, a fumigação com incenso.

· Nascer do dia: Ao nascer do dia começam os rituais propriamente religiosos. Começamos pela preparação das ofertas e libações a serem entregues. Podemos ofertar roupas, como na antiguidade quando um peplos novo, que era confeccionado durante cerca de nove meses, era entregue como presente à Deusa nas Panethenáias maiores, além disso podemos fazer outras ofertas como jóias ou acessórios em geral. Uma dica: escolha temáticas que tenham relação com a Deusa, como: colares, anéis, broches ou pulseiras com serpentes, corujas ou górgonas. Como comidas podemos fazer bolos, biscoitos ou pães em formato de cabras e vacas. Para libar: azeite, vinho, mel. O ritual segue as linhas gerais: purificação (feita na noite anterior), hino à Héstia, ao Deus do festival e aos Deuses e heróis que se queira louvar junto, nesse caso, podemos louvar a virtude dos heróis, como Odisseu, Belerofonte, Perseu e Hérakles. Podemos relembrar mitos em que se conta como Ela sempre esteve presente nas ações desses heróis, fazendo algo como que promessas de melhorarmos nossa conduta de modo a nos tornarmos dignos de estar frente à divina face dos Deuses, em especial dela. Após isso podemos fazer as ofertas e o sacrifícios dos simulacros, agradecendo à Deusa pela sua proteção e observância durante esse ciclo, parabenizando-a pelo seu aniversário e tudo o mais que se queira fazer, como rituais de advinhação, encenações de mitos, danças ou músicas.

Dia 2· O segundo dia fica reservado à jogos, competições e momentos de agradecimento em geral. Se você tem filhos, pode levá-los para conhecer locais importantes para a história de sua cidade, ou fazer competições com eles. Pode-se reunir amigos e famílias para um grande churrasco (caso você coma carne, opte especialmente por carnes de vaca e cabra) em honra dela. As competições podem ser premiadas com vasos cheios de leite ou doces no caso das crianças. O importante aqui é não perder o sentido do ritual e transformar as ações em momentos indiferentes ou apenas ‘ocasiões’. Deixe claro a intensão da celebração, mesmo que os outros não compartilhem da mesma fé que você. Não é necessário que eles participem do ritual, mas apenas que respeitem e/ou entendam o motivo das festividades. Ações veladas podem ser entendidas como vergonha, do meu ponto de vista,frente à fé que defende pratica e aos Deuses que você cultua.

Fonte: Ta Hiera

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Nome e epítetos de Afrodite

O nome de Afrodite deriva do grego Aphos, que está relacionado à umidade, a qual os gregos consideravam o que favorece a vida, jà que é necessário a umidade para a semente germinar e crescer.

Aqui estão alguns epítetos de Afrodite, não sei se todos estão certos. Há outros ainda.

Retirado de Jardim de Afrodite

Aligena (nascida do mar),
Ambologera (a que adia a velhice),
Anaduomene (erguendo-se do mar),
Androphonos (matadora de homens),
Anosia (não-sagrada),
Apostrophia (a que se vira para longe),
Areia (de Ares), 
Basilis (Rainha),
Eleemon (misericordiosa),
Enoplios (a que porta armas),
Epipontia (no mar),
Epitragidia (sobre o gamo),
Epitumbidia (ela sobre os túmulos),
Euplois (justo velejar),
Genetullis (genetrix),
Heteira (cortesã),
Kallipugos (dos lindos traseiros),
Kallisti (a mais bela),
Khruse (dourada),
Kupris (de Cyprus),
Kuprogenes (nascida em Cyprus),
Kuthereia (citéria), 
Melainis (negra),
Morpho (em forma),
Ourania (Celestial),
Pandemos (de todas as pessoas),
Pasiphaessa (o brilho-justo),
Peithos (persuasão),
Pelagia (do mar),
Philomeides (amante do riso),
Porne (carnuda; prostituta), 
Skotia (escura), 
Summakhia (aliada na guerra), 
Tumborukhos (cavadora de túmulo).

Há também alguns outros retirados de Sátiro na cidade


Akidalia - um título de Vênus em Roma. O nome de uma terma natural onde Vênus se banhou com as Graças. Em grego, significa “a que afasta os problemas/preocupações”,


Akraia - A que está nas Alturas,


Alilat’ê - segundo Heródoto, é a forma que os “árabes” - povos do oriente - chamam Afrodite Urania,


Amathousia - Amathountia, da cidade de Amathus em Chipre. Um dos mais antigos centros de culto da Deusa.


Ambologera - A que venceu a velhice, A que atrasou a posteridade. Cultuada em Esparta com esse título.


Anadyomene - “A Deusa que se levanta do Oceano”. Título que faz referência ao mito de nascimento de Afrodite. 


Antheia - Título que Afrodite recebeu em Cnossos. “A que floresce” ou “Amiga das Flores”.


Apatouria - “A que Engana”. Título que recebeu de acordo com o mito da guerra dos gigantes. Eles encurralaram Afrodite e esta chamou Héracles (Hércules) para ajuda-lá. Ao longo que os gigantes iam adentrando na caverna, a Deusa os enviava direto para a morte nas mãos de Héracles.


Aphakitis - Título recebido por conta de seu templo na cidade de Apace, na Síria. A senhora dos oráculos.


Apotrophia - “A que põe pra fora”. Cultuada em Thebas com esse título, refere-se ao poder da Deusa que coloca pra fora tudo aquilo que as pessoas escondem em seus corações. Era cultuada junto dos aspectos de Pandemos e Urania.


Arakunthia - Faz referência ao templo dessa Deusa que se localizava no Monte Arakintos. 


Areia - “Toda armada”. Refere-se a Afrodite como Senhora da Guerra, companheira de Ares. Aqui ela aparece toda vestida em armadura e portando armas.


Argynnis - Referência ao devoto Argenos, que era um dos homens favoritos de Agamenon. Quando ele morre em batalha, Agamenon erige um templo em honra a Afrodite Argynnis no local de morte do seu devoto.


Kallipugos - Título relatado por Ateneu, refere-se as formas sofisticadas, luxuosas e que compunham o escopo de mulher rica da aristocracia grega. Há referências também que colocam esse epíteto como "a de belos traseiros".


Knidia - Refere-se a sua famosa estátua feita em Cnidos na Cária. Críticos da arte afirmam que a Vênus de Médici é uma cópia da estátua de Afrodite Knidia.


Kolias - Faz referência ao templo de Afrodite no promontório ático ao lado do de Héstia.


Kyprogeneia - “Nascida em Chipre”. Referência ao mais antigo e maior local de culto da Deusa.


Kuthereia - Deriva da cidade de Cítera em Creta, ou da ilha de Cítera, que no mito, refere-se ao lugar onde Afrodite pisou primeiro logo após nascer. Possui templos em ambos os locais.


Despoina - “A que comanda. Governante. A que domina.” Título de poder pertencente a várias divindades femininas gregas, sendo uma delas, Afrodite.


Dionysia - A que acompanha Dioniso. Amante de Dioniso. 


Dionaea - Título que refere-se as coisas sagradas para Afrodite; como as rosas, as pombas, barcos. É uma metonímia do nome da Deusa.


Erukiane - Deriva do templo que a deusa possuía no monte Eryx, na Sicília. Foi erigido por um de seus filhos, o príncipe Eryx.


Gamelia - Protetora dos casamentos.


Genetullia - Protetoras das grávidas e dos nascimentos.


Hekaerge - A que acerta de longe. O mesmo epíteto de Ártemis.


Idalia - Deriva da cidade de Idalion, em Chipre.


Limeniatis - Protetora dos capitães de navios, dos portos e dos navegantes. Pan possui o mesmo epíteto.


Mekhanitis - “Habilidosa nas invenções”. Athena, Zeus e Hefesto dividem esse título com Afrodite.


Melainis - “A Escura”. Cultua em Corinto com esse título.


Melinaea - Da cidade de Melina.


Migonitis - Da cidade de Miconio, na Lacônia. Local de vários templos Dela.


Morpho - Cultuada em Esparta com esse título, era representada sentada com os pés acorrentados e a cabeça coberta.


Nikephoros - A que traz a Vitória. 


Pandemos - “Que é de Todos.” Esse epíteto denota dois contextos históricos de interpretação. O primeiro refere-se aos prazeres carnais do corpo que era vivenciado nas orgias sagradas do período e nas festas que aconteciam tais práticas. O outro sentido é o político. Acredita-se que Teseu instituiu o culto a Afrodite Pandemos na fundação da cidade-estado de Atenas pois é através Dela que ele conseguiu reunir todos os aglomerados e vilas numa única fundação sólida e consolidada como a pólis de Atenas. Outra divindade que possui esse epíteto é Eros.


Paphia - A que vem de Paphos, em Chipre.


Peitho - Personificação da Persuasão. Ora uma divindade a parte, a Persuasão sempre foi cultuada profundamente próxima a Afrodite. Acredita-se que se foi alguma divindade singular da Deusa, se transformou em um dos aspectos de Afrodite ao longo de seu culto. Na Lacônia, Arcádia, Chipre, Creta e Atenas haviam templos com estátuas de Afrodite com esse aspecto.


Syria Dea - “Deusa da Síria” Sob esse título o nome da Deusa Astarte apareceu pela primeira vez nos relatos gregos e denota que Afrodite partilha de características próximas de Astarte ou foi essa mesma que foi assimilada como Afrodite pelos povos helênicos.


Ourania - “A Celeste”. Aspecto de Afrodite que representa a oposição aos prazeres carnais e o caminho espiritual. Não se oferecia vinho ao se cultuar esse aspecto Dela;  Platão a descreveu como o aspecto mais elevado e olimpiano da Deusa.


Zephuritis - Derivado do templo localizado no promontório de Zefírium no Egito.


Zerynthia - Derivado do templo na cidade de Zerinto, na Trácia. Aproxima-se da Deusa Rhea-Kybelle.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Epítetos da Deusa Atena, a Deusa Poderosa da Estratégia, Sabedoria, Artes e Ofícios!

Segue aqui uma lista, em português, de alguns Epítetos da Deusa Atena. Não me recordo a fonte, mas eles me parecem bastante verídicos.

Aglauros (Orvalhada)

Agoraia (do mercado)
Aithuia (pássaro marinho)
Alalkomene (que repele o perigo)
Alea (Protetora)
Apatouria (do festival Apatouria)
Areia (Bélica)
Boulaia (do Conselho)
Ergane (Trabalhadora)
Glaukopis (Olhos cinza, de Coruja)
Gorgopis (Com olhos de Górgona)
Hellotis (Rosto largo)
Hephaistia (de Hefesto)
he Theos (a Deusa)
Hippia (de cavalos)
Hugieia (Saúde)
Itonia (de Itonos) 
Khalinitis (da rédea)
Khalkioikos (Habitante de uma casa de bronze)
Khruse (Dourada)
Kourotrophos (Protetora dos jovens)
Kranaia (Cumpridora, Executora)
Meter (Mãe)
Nike (Vitória)
Nikephoros (Que traz a Vitória)
Pallas (Nome alternativo)
Panakhais (Deusa da Liga Akhaean)
Pandrosos (Toda-orvalhada)
Parthenos (A Virgem)
Phatria (da frátria)
Poliakhos (Urbana)
Polias (da cidade)
Polumetis (de muitos conselhos)
Promakhos (Campeã)
Pronoia (Providência)
Salpinx (Trompete de guerra)
Sophia (Sabedoria)
Soteria (Salvadora)
Sthenias (Poderosa)
Tritogeneia (Nascida no lago Triton)

sábado, 21 de maio de 2016

Calendário e marcação de dias

Venho fazer um breve resumo sobre o calendário grego e a marcação de dias.

O dia grego começa no início da noite do anterior. Exemplo: Hoje é dia 21/05 e o por do Sol foi às 17:34, então o dia 22/05 começou às 17:34 do dia 21.
Isso é importante de ser observado principalmente em dias ritualísticos em que a data tem que ser observada, como exemplo o Deipnon, que eu considero a primeira noite que está sob a Lua Nova. 

Cada Cidade-Estado grega tinha um calendário diferente, porém a comunidade pagã costuma usar o Ático (Ateniense).

O ano começa na Noumenia do Hécambéon ( costuma cair em Julho). O que seria a primeira Noumenia depois do Solstício de Verão.
O site RHB tem um calendário completo.
Os meses
Verão
NomeNome gregoSignificadoDuraçãoequivale
aproximadamente a
Festas
principais
hécatombéonἙκατομϐαιών / Hekatombaiốn"o mês da festas da 'hecatombe"30 diasjulho*festas da Paz
métagitnionΜεταγειτνιών / Metageitniốn"o mês das mudanças"29 diasagosto*
boédromionΒοηδρομιών / Boêdromiốn"o mês das Boedrômias"30 diassetembro*

Outono

NomeNome gregoSignificadoDuraçãoequivale
aproximadamente a
Festas
principais
pyanepsionΠυανεψιών / Puanépsiốn"o mês da festa das "Pyanepsias"30 diasoutubro*Epitáfias
mæmactérionΜαιμακτηριών / Maimakteriốn"o mês de Zeus Maimaktês (Impetuoso)"29 diasnovembro*
posidéonΠοσειδεών / Poseideốn"o mês de Posidão"29 diasdezembro*Dionísias rurais
mês intercalar insere-se entre poseideốn e gameliốn. Recebe o nome de poseideốn ΙΙ (δεύτερος ou ὕστερος), dura 30 dias e é aproximadamente equivalente a dezembro-janeiro.

Inverno

NomeNome gregoSignificadoDuraçãoequivale
aproximadamente a
Festas
principais
gamélionΓαμηλιών / Gameliốn"o mês des casamentos"30 diasjaneiro*Leneenas
anthestérionἈνθεστηριών / Anthestêriốn"o mês das flores", em honra de Dionísio29 diasfevereiro*Antestérias
élaphébolionἙλαφηϐολιών / Elaphêboliốn"o mês de Artêmis Elaphêbolos"30 diasmarço*Dionísias urbanas

Primavera

NomeNome gregoSignificadoDuraçãoequivale
aproximadamente a
Festas
principais
munichionΜουνιχιών / Mounikhiốn"o mês de Artêmis Munichia"29 diasabril*
thargélionΘαργηλιών / Thargêliốn"o mês das Targélias, em honra à Artêmis e Apolo30 diasmaio*Targélias
scirophorionΣκιροφοριών / Skirophoriốn"o mês dos Cirofórios, em honra a Atena29 diasjunho*Cirofórios

*baseando-se no hemisfério norte.

domingo, 17 de abril de 2016

Promessas

Trecho retirado de A Magia de Hécate - Uma Roda do Ano com a Rainha das Bruxas.
O contexto desse trecho é o ritual de Imbolc, que é um ritual sobre purificação.

Quando declaramos para o Deuses e para nós mesmo alguma coisa e cumprimos nossa palavra, fortalecemos nosso poder pessol e mostramos ao Universo que nossa palavra tem poder. Na magia e  no contato com os Deuses, nossa palavra é tudo que temos. Faça esse teste, prometa algo ou fique algum tempo de abstinência e verifique por si mesmo a grande quantidade de poder que seu corpo concentra nesse período..

Obs: Rio Estige

Na Teogonia, Estige é a mais velha das filhas de Oceano e Tétis, uma Oceânida, por conseguinte.

O Rio Estige é um rio que cruza o submundo, por onde Caronte leva as almas. Uma promessa feita em nome do Rio Estige é a promessa mais importante e séria que se pode ter. Nem mesmo Zeus ousou quebrar uma promessa ao Rio Estige (no mito de Semele, ela era amante de Zeus e O fez prometer algo e depois pediu para vê-Lo em Sua Verdadeira Forma. A visão da Forma matou Semele).

Escolhas e responsabilidades

Como diria Sartre, nós estamos condenados a ser livres. Segundo sua linha no Existencialismo, nada é anterior ao homem, nenhum homem vem com um "software instalado de fábrica", por assim dizer, Assim, quem constrói a personalidade e o ser são as escolhas de cada indivíduo. Isso me remete muito aos ensinamentos de Hécate, na Encruzilhada você é livre para escolher o que quiser. Ela não te influencia, não ajuda na escolha. Ela, com Suas Tochas, ilumina o que tem à frente, mas cabe a você ponderar e escolher. Hécate me ensina que você tem a liberdade de fazer inúmeras escolhas, porém, você é responsável por todas elas. Um exemplo banal: você pode comer um doce, mas não pode reclamar se engordar.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Atena, Deusa da Sabedoria e da Guerra



Atena (Minerva), Deusa da sabedoria, da idéia civilizadora, da vitória nas guerras e da inteligência das estratégias, era uma das divindades mais importantes e cultuadas na Grécia antiga.
Na tradição mais aceita da lenda, Atena teria nascido do crânio de Zeus (Júpiter), herdando do pai a sabedoria roubada a Métis (Prudência). O mito de Atena interliga a sabedoria à castidade, o sexo escraviza o homem, atrai-lhe a paixão, desequilibra-o emocionalmente. A castidade constrói, alia-se à pureza do corpo e da alma, assim, entre os gregos, sabedoria e sexo opõem-se, prudência e bom senso aliam-se. Atena escolhe a virgindade como símbolo da sua sabedoria. Sendo uma das mais belas Deusas do Olimpo, ela não cede aos assédios impetuosos e constantes dos outros Deuses, mantendo-se casta.
Entidade guerreira, é justa nos campos de batalhas. Enquanto Ares (Marte), faz verter o sangue dos dois lados da guerra, Atena protege os justos, fazendo tombar os insensatos. Na concepção grega, os seus soldados são o mais próximos da filosofia da razão estratégica, os mais justos contra os outros povos beligerantes que os cerceiam, Atena é a protetora universal dos exércitos helenos. Na guerra de Tróia, manteve-se corajosamente ao lado dos gregos, enquanto que outras divindades olímpicas dividiram-se entre gregos e troianos.
Atena é a maior protetora da civilização grega, a mais nacionalista, a que mais contribui para o seu avanço, oferecendo àquele povo a oliveira, o leme, o tear e a flauta, simbolizando respectivamente o alimento (azeite), o progresso (como conduzir os barcos), o trabalho têxtil, e a arte, neste caso a música, essência da sabedoria daquele povo do extremo oriente do mar Mediterrâneo.
Deusa da sabedoria e da arte da guerra, Atena foi uma das entidades com mais representações na arte, deixando um legado de obras com temas envolvidos no seu mito, que vão desde o Partenon, em Atenas, até as famosas esculturas de Fídias. Em Roma, o seu mito foi assimilado ao de Minerva, não encontrando a mesma importância que adquiriu na Grécia. Deusa guerreira, traz sempre a lança em punho, às vezes o escudo, e, elmo divino na cabeça, transbordando o seu garbo sábio e justo.

As Várias Lendas Sobre o Nascimento da Deusa

O nascimento de Atena possuí várias versões, dependendo da lenda. Uma versão pouco difundida atribui a paternidade da Deusa a Poseidon (Netuno), o senhor dos mares. A associação aos dois mitos explica-se por Atena ter nascido à margem de um lago, precedendo ao relâmpago e ao raio que trazem a chuva. É a Deusa da luz antes da tempestade, que ilumina o céu antes de transbordar as suas nuvens, assim com Poseidon domina os mares e os seus maremotos. É a Deusa do orvalho, elemento úmido que protege a agricultura contra o frio seco da noite. Os elementos úmidos da Deusa dão a aproximação ao Deus dos mares.
Noutra vertente da lenda, seria filha do gigante Palas, filho de Gaia (Terra). O mito de Atena e de Palas fundem-se não só como filha e pai, mas em um confronto entre a força e a manutenção da pureza casta. Palas teria tentado violar a Deusa, que obstinada em manter o corpo intacto, matou-o e, ao esfolar a sua pele, fez dela o aigis, ou manto da virgindade. Além do manto, a Deusa passa a demarcar a sua vitória sobre o gigante, usando o nome de Palas Atenas. Era através deste nome que seria invocada por todos os gregos quando lhe pediam a proteção para as suas cidades.
A tradição mais corrente do mito é a do seu nascimento através da cabeça de Zeus, o senhor dos Deuses. Após vencer a guerra contra os Titãs e os 
Gigantes, Zeus tornou-se o senhor dos Deuses e dos homens, tomando como primeira esposa Métis, a Prudência. Quando a Deusa esperava o primeiro filho, Zeus soube através do oráculo de Gaia que nasceria uma filha. O oráculo profetizou ainda, que da segunda
 gestação nasceria um filho, que destronaria o pai. Preocupado, Zeus decidiu engolir a esposa. A seguir tomou a sua irmã Hera (Juno) como esposa. Pouco depois, ao encerrar o tempo de gestação da mulher engolida, Zeus, ao passear às margens do lago Tritônis, foi surpreendido por uma dor insuportável na cabeça, como se fosse espetado por uma lança. As pontadas tornavam-se cada vez mais fortes dentro da cabeça do imortal, fazendo o poderoso Deus dos trovões emitir um grito que ecoou pelos céus e pela terra. Outros gritos de dor saltaram da boca desesperada do senhor dos Deuses. Ao ouvir os gritos de Zeus, todos os Deuses do Olimpo correram em seu socorro. Hermes (Mercúrio), o mensageiro dos Deuses, ao ver a aflição de Zeus, saiu em busca de Hefestos (Vulcano), o ferreiro divino. O Deus dos vulcões e do ferro, ao ver a cabeça do pai vibrando, como se dela quisesse sair algo muito grande, golpeou-a com um machado de ouro. Da ferida aberta por Hefestos surgiu uma mulher belíssima, empunhando o escudo e a lança, nos quais materializava o raio que iluminava a altura etérea e divina; vestia uma reluzente armadura, representando os meteoros e os fenômenos luminosos da natureza; e, ainda, o elmo de ouro na cabeça, reluzindo-lhe a proteção da inteligência diante das batalhas nas guerras. Naquele momento, o céu relampejou, o lago explodiu em ondas. Zeus ficou radiante com a beleza da filha surgida do seu crânio. Nascia a Deusa da sabedoria e da guerra estratégica.
Em outra versão da lenda, Métis não seria a primeira esposa de Zeus, sendo Hera, a única, jamais a segunda. Seria uma das várias amantes do Deus. Não teria sido o medo de um segundo filho e uma possível usurpação do trono divino que o afligia, que o teria motivado a engolir a amante; mas a condição da mulher na sociedade grega, visto que Métis era a Deusa da prudência. Na civilização grega, a sabedoria não era uma das características atribuída às mulheres. Ao engolir Métis, Zeus, divindade masculina, tornou-se o mais sábio dos Deuses, passando através dele, a sabedoria a Atena, divindade feminina. A Deusa da sabedoria herdara do pai, jamais da mãe, o seu principal atributo.  



A Criação da Oliveira
Ao ser associado à sabedoria, o mito de Atena contrasta com a sua função guerreira. Na visão grega, havia duas vertentes em uma guerra: a batalha, que representava a luta corporal, o sangue vertido, a utilização da força; e, a estratégia ou arte bélica, que define a vitória. Ares é o responsável pela batalha, pela força nela empregada, pelo massacre sem propósito. Atena é a Deusa da arte bélica, da inteligência das estratégias, dos ideais elevados da luta, da vitória justa e racional diante do inimigo. É a Deusa defensora perpétua dos gregos.
Além dos atributos bélicos, a Deusa também era invocada como entidade agrícola. Não tem para si a responsabilidade de proteger a terra contra as calamidades da natureza, mas a de orientar, trazer da natureza benefícios para que se civilize o homem. Sua identificação com a natureza está no orvalho, pelo qual é a Deusa responsável, elemento que protege a planta dentro do sereno noturno.
Também foi a Deusa que ofereceu aos gregos a oliveira, ensinando-os a extrair da planta o fruto para o alimento e o óleo, utilizado na cozinha, na higiene corporal e na iluminação das casas e dos templos. Atena ensinou o homem a estocar o azeite e a azeitona durante o inverno, e a arte de vendê-lo aos outros povos. É atribuída a ela a confecção dos potes de barro, para o armazenamento dos alimentos. É a Deusa dos oleiros, ensinando-os a guardar o óleo.
A associação de Atena com a oliveira remete à fundação da cidade que levaria o seu nome. Segundo a lenda, Cécrope ao fundar uma cidade na região da Ática, convocou os imortais do Olimpo para uma disputa, na qual o vencedor seria o protetor da cidade. Toda cidade grega tinha uma entidade como protetora, sendo a ela atribuída as funções de protegê-la nas guerras, nos temporais, nas colheitas dos alimentos e nos momentos de tribulações públicas. Poseidon e Atena foram os Deuses que aceitaram o desafio proposto por Cécrope. Fizeram uma disputa acirrada, levando o povo da nova terra a ficar dividido em escolher um dos dois.

Na prova final, Cécrope pediu aos Deuses que criassem alguma coisa útil para a cidade. Poseidon bateu o tridente no chão, fazendo jorrar na Acrópole uma fonte de água salgada, além de um esplêndido cavalo. Atena feriu a terra com a sua lança, fazendo dela brotar uma árvore repleta de pequenos frutos. A Deusa ofereceu um ramo com os frutos a Cécrope, comovendo o soberano. Diante do povo, chamou a árvore de oliveira, ensinou como extrair o seu óleo e preparar o fruto como alimento. A cidade entendeu que a oliveira era mais importante para a cidade. Atena foi aclamada a protetora do lugar, que passou a ser chamado de Atenas, em homenagem a Deusa e ao presente que se lhe oferecera aos seus habitantes. Desde então, tornar-se-ia a principal divindade da cidade de Atenas, influenciando o seu culto por toda a Grécia.  

As Invenções Civilizadoras de Atena

Várias foram as atribuições civilizadoras legadas a Atena. Teria sido a Deusa quem ensinara às mulheres gregas as técnicas de fiar, tecer e bordar. Atena era uma exímia tecelã, tecendo os mais belos bordados do Olimpo. A lenda que conta a história de Aracne reflete os dons da Deusa. A mortal Aracne era filha de um modesto tintureiro de Cólofon. Tinha o dom de tecer os mais belos bordados de todos os mortais. Seu talento atraia todos os olhos, homens de toda a Grécia vinham ver e comprar os seus trabalhos. As Ninfas deixavam os bosques para admirar a beleza mágica dos mantos bordados pela mortal.
Sabedora do seu talento, Aracne proclamou-se a maior tecelã e bordadeira do mundo, dizendo-se superior à própria Deusa Atena. A falta de modéstia da mortal irritou a Deusa, que desafiada, aceitou tecer uma magnífica tapeçaria. Atena bordou os doze imortais do Olimpo, trazendo nas bordas do tecido, cenas em que os Deuses puniam a irreverência dos mortais. Aracne bordou em sua tapeçaria os amores proibidos dos Imortais pelos humanos, as traições e as vinganças. Ao fim da composição, não se sabia dizer qual a mais bela tecelagem. Aracne olhava para a sua obra, deslumbrada com a sua perfeição de mortal. Irritada com a falta de modéstia, Atena pegou a obra feita pela jovem, amarrotando-a e a rasgando. Ainda furiosa, feriu a jovem mortal com a agulha. Sentindo-se humilhada, a fiandeira tentou suicidar-se. Atena não permitiu que morresse, transformando-a em um pequeno animal que recebeu o seu nome, a aranha (aracne, em grego). Condenou-a tecer para sempre nas alturas, uma delicada teia que os ventos rasgam facilmente.
A lenda de Aracne, segundo historiadores, traduzia a rivalidade existente entre os atenienses e um povo originário da ilha de Creta, onde florescia uma crescente indústria têxtil primitiva.
Atena presenteara aos seus devotos outro significativo invento, o leme, para evitar que os barcos fossem à deriva das ondas e das correntes, não se perdendo pelas águas.
Para embelezar a vida dos humanos, Atena inventou a flauta, de onde a beleza da música era extraída. Uma lenda conta que ao apresentar o seu invento às Deusas Hera e Afrodite (Vênus), foi motivo de riso, porque ao soprar o instrumento, as suas bochechas inchavam, deformando a sua beleza. Irritada, Atena arremessou a flauta do alto do Olimpo, amaldiçoando-a. O sátiro Mársias encontrou o instrumento musical, arrebatando para si a maldição. Mársias desafiou o Deus Apolo com o seu instrumento. Ao ser vencido, foi esfolado vivo pelo Deus da Luz

As Festas em Homenagem à Atena

Sendo amplamente cultuada em toda a Grécia, várias eram as festas oferecidas à Deusa. Seu culto espalhou-se de Atenas, passando pela ilha de Rodes, chegando a Saís, no Egito. Possuía três grandes templos que lhe eram consagrados, sendo o mais suntuoso o Partenon, na Acrópole.
Na cidade de Atenas, da qual era protetora, a população celebrava em sua homenagem as Panatenéias, festas tradicionais, onde eram realizados torneios de música e poesia, lutas e corridas. Durante as festas, as mulheres iam em procissão até a Acrópole, levando um grande manto tecido pelas melhores tecelãs e fiandeiras da cidade; os jovens montavam fogosos cavalos; e, os mais velhos, traziam ramos de oliveiras para ofertar à Deusa.
Nas festas Cálceas, Atena era homenageada juntamente com Hefestos. Ela como artesã e fiandeira dos mais belos bordados, ele como o artesão dos Deuses, para quem confeccionava objetos de bronze e belas jóias. Na lenda que envolve os Deuses, Hefestos deixara-se abater por uma grande paixão por Atena, mas foi repudiado pela Deusa, que insistia em manter a sua castidade. Sedento de desejo, o Deus a perseguiu, tentando violá-la. Ao encostar-se à pele macia de Atena, Hefestos não resistiu, ejaculando precocemente sobre a coxa da Deusa. Satisfeito, ele partiu. Sentindo grande repugnância, a Deusa limpou o sêmen com um pedaço de lã, atirando o pano ao chão. O fruto da violência de Hefestos fecundou Gaia, a Terra, que gerou um ser monstruoso, metade homem, metade serpente, sendo chamado de Erictônio. A Deusa encerrou a criança monstro em um cofre, deixando-o aos cuidados da princesa Aglauro, filha de Cécrope, o rei fundador de Atenas. Aglauro teria sido transformada em pedra pelo Deus Ares, deixando o cofre sozinho, sendo este encontrado pelas irmãs da princesa petrificada. Quando abriram o cofre, as princesas enlouqueceram ao ver o monstro recém-nascido, atirando-se do alto da
Acrópole. Uma gralha branca assisitiu ao infortúnio das filhas de Cécrope, indo relatar a tragédia a Atena, que se encontrava no meio de uma batalha. No calor da luta, Atena revoltou-se, tingindo de negro as penas da ave, proibindo que as gralhas voltassem às proximidades de Atenas. A lenda evidencia a importância que o mito de Atena dá ao culto da castidade, preservada mesmo diante do assédio dos Deuses.
Atena e Afrodite eram homenageadas simultaneamente durante as Arreforias, pelas jovens mulheres de Atenas. Durante a festa, as virgens prestavam homenagens à Deusa casta, seguindo depois com oferendas à Deusa do Amor. Traduzida como festa do orvalho, unia o elemento feminino que revelava a vida da jovem mulher, ainda casta como Atena, mas pronta para ser iniciada nas malhas da proteção de Afrodite, a Deusa do amor.
As Asquiforias, ao contrário das Arreforias, eram celebradas pelos rapazes, homenageando Atena e Dioniso (Baco). Eram realizadas quando as uvas começavam a amadurecer. Os rapazes levavam do templo do Deus do vinho, ramos de videira ao santuário de Atena.
Havia ainda outras duas festas em homenagem à Deusa da sabedoria, as Plintarias, que davam início às colheitas da primavera; e, as Esquiroforias, onde os participantes usavam guarda-sóis, simbolizando a proteção, assim como o orvalho, que protegia a lavoura contra a seca. 

Representações de Atena nas Artes
 Nas artes, Atena teve grandes representações, sendo mais significativas as esculturas atribuídas a Fídias (500? a.C. – 432? a.C.). Nenhuma escultura original chegaria aos tempos atuais, tendo apenas cópias. No maior templo consagrado à Deusa, o Partenon, em Atenas, encontrava-se a Atena Partenos, escultura de Fídias, toda feita em ouro e marfim. A Deusa é representada vestida com uma túnica, aberta em um dos lados, apertada na cintura. No peito tem a égide guarnecida de escamas, ladeada por serpentes, trazendo a cabeça da Górgona no centro. Na cabeça traz um capacete com a esfinge e dois grifos, animais metade leão, metade águia. Na mão esquerda porta a lança e o escudo, onde está representado o combate dos gregos contra as Amazonas; atrás do escudo a figura do monstro Erictônio. O braço direito está estendido para frente, sustentando uma pequena Nique (Vitória) alada, posta obliquamente, parecendo voar à frente da Deusa. Uma versão moderna da estátua foi erigida na frente do parlamento austríaco.
Fídias representou a Deusa sem armas, com expressão doce e graciosa, na estátua Atena Lemnia. Outra estátua atribuída ao famoso artista grego era a enorme Atena Promachos, que trazia a expressão bélica e altiva da Deusa.
Outra representação famosa do mito, já com o seu nome na mitologia romana, é a renascentista têmpera sobre tela, “Minerva e o Centauro”, de Sandro Botticelli. A lenda de Aracne produziu grandes pinturas, como a de René Houasse.
As primeiras estátuas de Atena eram chamadas de paládios, onde se dizia, eram feitas com pedras caídas do céu. Outras representações do mito podem ser encontradas em objetos de cerâmica e potes de barro.

Minerva, a Deusa da Vitória Romana
 Em Roma, o mito de Atena foi identificado com o de Minerva. Os romanos veneravam a Deusa como protetora da oliveira, médica, divindade da vitória, inspiradora dos políticos e dos poetas.
Minerva recebia o culto de diversos poetas romanos, que se reuniam alegando receber inspiração da Deusa. Grandes políticos prestavam cultos à Deusa, como o imperador Augusto (63 a.C. – 14 d.C.), que lhe erigiu um templo na entrada da Cúria Júlia, onde era reunido o senado. Para os políticos romanos, a Deusa inspirava sabedoria e bons conselhos aos senadores.
As festas mais famosas em honra a Deusa eram chamadas de Minervais, ou Quinquatria. Durante as comemorações da festa, os estudantes ofereciam prendas aos professores, chamando os presentes de minerválias. Ainda na ocasião comemorativa, os principais lugares intelectuais da cidade eterna, como as escolas, os tribunais e as academias, permaneciam fechados, indo os seus membros homenagear a Deusa.


Com o tempo, Minerva foi uma das Deusas que mais perdeu as características romanas, assimilando por completo os traços helenísticos da Deusa Atena. Nas artes, os artistas latinos limitaram-se a buscar inspiração nas lendas da Deusa grega. Em Roma, Minerva jamais conseguiu a importância de Marte, outro Deus bélico, que foi assimilado ao Ares grego. Ao contrário da civilização grega, que contrapunha a sabedoria e a estratégia bélica de Atena à destruição sanguinária e sem sentido do cruel Ares.