sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Agon e a visão de mundo grega

Agon em grego significa luta, a luta entre o racional (nomos) e o natural (physis). Para os gregos tudo poderia ser identificado como uma luta, por exemplo acordar cedo (uma luta entre seu corpo e as regras e horários sociais). E sempre deveria haver um equilíbrio de comportamento, isto é se soltar às vezes porém sem se soltar demais (há peças de teatro que falam sobre esse tema, um exemplo é a Bacchae).

Roda do ano

Baseado no livro: A Magia de Hécate, uma roda do ano com a Rainha das Bruxas de Dylan Siegal e Naelyan Wyvern. Ele está disponível na integra pelo Scribd e pelo aplicativo não precisa pagar nada. Eu recomendo muito esse livro, ele tem a proposta de se seguir a Roda do Ano, ao melhor estilo Wicca, sobre as bases de meditação de Hécate. Eu segui os 8 Sabás, com datas pelo hemisfério sul e os 13 Esbás, construindo o meu Templo Interior e as ferramentas necessárias.
Esse são as bases dos Sabás.

Depois que acabou, eu não vou seguir a Roda novamente, porém a cada data eu vou relembrar os ensinamentos de Hécate em cada uma de suas formas. Os Esbás (na Lua Cheia), eu provalvente vou relembrar os usos de cada ferramenta. Depois leiam esse livro, ele tem informações super completas. Eu sigo o Hemisfério Sul, mas fica de acordo com as estações, mas fica a vontade do praticante.

Saudações diárias à Hécate




*Retirada do livro: A Magia de Hécate, uma roda do ano com a Rainha das Bruxas de Dylan Siegal e Naelyan Wyvern. Aliás ótimo livro, super recomendo a leitura.

Rituais greco-romanos

Muitos pagãos seguem a tradição Wicca, porém ela é muito recente e muito ligada ao culto dos Deuses Celtas e Druidas. Como nossos Deuses são gregos resolvi pesquisar como eram seus ritos na Antiguidade. A primeira coisa é relacionado ao calendário, os dias são contados a partir do por do sol do dia anterior. Eu determino (escolha pessoal) como dia de Deipnon o dia de Lua Nova, a noite que está depois do aparecimento dela. ( eu uso esse calendário para determinar a hora de aparecimento da Lua Nova: http://www.calendario-365.com.br/lua/fases-da-lua.html ). Para o calendário de ritos anuais eu sigo o do RHB . Mas não sigo tudo, apenas o Trio da Noumenia, as Libações aos Deuses que cultuo e por enquanto a Panathenaia.
Em relação à aproximação aos Deuses, os rituais greco-romanos eram muito em torno de um sacrifício e eram muito estritos (se errasse algo perderia tudo o ritual). O que é diferente da visão monoteísta que Deus quer fé, para o nosso Panteão, os sacrifícios eram mais bem aceitos. Normalmente eram sacrifícios de animais, onde a gordura e os ossos eram destinados aos Deuses e os participantes comiam a carne. Acho que na modernidade o sacrifício animal é menos bem visto, até mesmo um tabu. Eu, em meus ritos, prefiro oferecer frutas, chocolates, bolos, libações ou oferendas votivas, se for um sacrifício e se for bem intencionado os Deuses vão gostar também. Ou talvez se quiser ser mais próximo, pode-se ofertar um churasco com a carne à Eles (normalmente eram cabras que eram sacrificadas, mas algumas vezes eram bois).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O grande "pecado" helênico

Nossa religião pagã não apresenta tantos dogmas quanto as religiões monoteístas, porém há certos princípios inegáveis. O mais importante, e que é provado de todas as maneiras do Universo é: você colhe aquilo que você planta (e por ser uma religião rural e ligada aos ciclos da natureza isso é parte importante). Ou mais conhecida, para os céticos, a 3° lei de Newton (ação e reação), provada pela ciência. Nisso reside a justiça e no equilíbrio reinante do Universo. Porém, a justiça não é sempre certa, os Deuses às vezes não são justos (Eles não precisam ser nada), ou às vezes a terra não está fértil para crescer em frutos as sementes de bondade.

Entretanto, a postagem é sobre o grande "pecado" pagão, o Húbris. No bom português, Húbris é arrogância, orgulho e uma noção exagerada de si mesmo, principalmente diante dos Deuses. Muita das vezes que os Deuses, nos mitos, se enfurecem com os humanos é porque os eles se comparam e se julgam melhor que os Deuses, um exemplo clássico é o de Aracne. Mas como visto na questão da vaidade, no post anterior relacionado à Atena, o Húbris além de causar a ira dos Deuses com as comparações, ele cega e não permite o autoconhecimento, sendo o passo inicial para a derrota.

Assim como se gabar de seu poder ou de seus resultados mágicos é o primeiro passo para perdê-los, o Húbris é aquilo que mais faz os Deuses pararem de abençoar alguém. Isso serve para qualquer Deus, mas observo muito em Atena e Tyche. Em soma a isso, tem-se Nêmesis, que é a Deusa que redistribui, isto é, gera equidade entre os seres. Entretanto, quando alguém é abençoado com sorte, por Tyche, ele se sobressai nessa equidade. Quando tal pessoa tem Húbris (arrogância diante dos Deuses), ele "perde" a graça entre os Deuses e está sujeito a perder a sorte também, a ser equalizado por Nêmesis. Nêmesis é o espírito da retribuição divina à aqueles que sucumbem ao Húbris, Ela é inescapável.

O que é arete, a virtude grega?

Está relacionado com excelência, ser o melhor que se pode ser, o ideal, a meta. Sendo ela considerada a virtude grega.

A definição de areté é muito propriamente unificada com o conceito de excelência, relacionada tanto ao que se refere ao homem como à utilidade de certos animais e até mesmo objetos domésticos. Por exemplo: a areté de uma faca é tanto maior quanto melhor ela cumprir sua função de cortar e a areté de um animal de carga está relacionada à sua robustez.


Fonte: http://pensamentoextemporaneo.com.br/?p=2498

As faces de Hécate

Hécate é a Senhora de Muitas Faces, a de Muitos Reinos. Meditando sobre esse assunto, Ela me mostrou que Ela não tem uma face clara ou uma face escura, Hécate é Hécate por si mesma, em sua totalidade e em completude que isso gera. O que varia são seus Mundos, os seus arredores, pois, sendo a Senhora dos Limiares, Ela transita por todos eles. Assim sendo, as pessoas não tem medo da Face Escura de Hécate, mas sim da escuridão que a rodeia e o que pode estar escondido nela. Nem por isso é necessário temer a escuridão, isso é uma lição que Hécate traz a seus seguidores, a escuridão é necessária para a luz existir e é lá que muitos tesouros estão escondidos. E com o auto conhecimento, muita força pode ser retirada desses tesouros. Assim sendo, não tema a escuridão e acima de tudo não tema Hécate em nenhuma de suas formas, você tem medo de si mesmo, não dela.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Coruja de Minerva

  As aves, por serem consideradas os seres mais próximos dos Deuses, foram, conforme suas características e atribuições, associadas a eles. A soberana águia acompanhava o poderoso Zeus, o imponente pavão, sua consorte e protetora dos amores legítimos: a Deusa Hera. À atenta coruja coube a companhia da sábia Atena.
  Vemos a imagem da coruja, símbolo de uma vigilância constantemente alerta, nas mais antigas moedas atenienses. A coruja, em grego gláuks “brilhante, cintilante”, enxerga nas trevas. Um dos epítetos de Atena é “a de olhos gláucos” (esverdeados).
  Em latim é Noctua, “ave da noite”. Noturna, relacionada com a lua, a coruja incorpora o oposto solar. Observem que Atena é irmã de Apolo (Sol). É símbolo da reflexão, do conhecimento racional aliado ao intuitivo que permite dominar as trevas. Apesar de haver uma forte associação desta ave à escuridão e a sentimentos tenebrosos, o que é natural a um ser noturno, o fato de ela ter sido (devido a suas específicas características) atribuída à Deusa Atena também a tornou símbolo do conhecimento e da sabedoria para muitos povos.
  A coruja é uma excelente conhecedora dos segredos da noite. Enquanto os homens dormem, ela fica acordada, de olhos arregalados, banhada pelos raios da sua inspiradora Lua. Vigiando os cemitérios ou atenta aos cochichos no breu, essa embaixadora das trevas sabe tudo o que se passa, tendo-se tornado em muitas culturas uma profunda e poderosa conhecedora do oculto.
  Havia uma antiga tradição segundo a qual quem como carne de coruja participa de seus poderes divinatórios, de seus dons de previsão e presciência. A coruja tornou-se assim atributo tradicional dos mânteis, daqueles que praticam a mântica, a arte do divinatio, da adivinhação, simbolizando-lhes o dom da clarividência.
  Eis a ave da Deusa da Sabedoria e da Justiça: atenta coruja, cujo pescoço gira 360º, possuidora de olhos luminosos que, como Zeus, enxergam “O Todo”. Devido a todos esses atributos, a Coruja simboliza também a Filosofia, os Professores e nossa proposta de Conhecimentos Sem Fronteiras: integrar todas as formas de conhecimento com o olhar para o todo.
  Na introdução de sua obra Filosofia do Direito, o Filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1830), escreve o seguinte.

Quando a filosofia pinta cinza sobre o grisalho,
uma forma de vida já envelheceu e, com o cinza
sobre cinza não se pode rejuvenescer, apenas reconhecer;
A coruja de Minerva alça seu vôo
somente com o início do crepúsculo.

A Espada de Athena: Arma para fazer valer a Justiça

Retirado de ESDC

  Com a espada de ouro em punho ou lança resplandescente (numa imagem mais arcaica), que fora presente do Deus da techné Hefestos, Atena já nasce fortemente armada, pronta para a guerra. Mas o combate da Deusa grega é diferente da guerra do bélico Deus Ares.
  Na mitologia grega, Ares, é o cruel Deus da guerra, da carnificina. Individualista, não titubeia em impor sua caprichosa vontade a quem quer que seja. Enaltecido pelos romanos, impulsivo, Ares é um Deus de caráter epimetéico: primeiro age, depois pensa.
  Pensar é atividade da mente, do elemento Ar, este sim, distingue os homens das bestas. Daí a prudente razoabilidade de Atena ser tão necessária à manutenção da ordem (Cosmos) e à evolução do espírito humano.
  De gosto pelo desafio da conquista, Ares é acompanhado de Éris (a Discórdia), que com seu archote em chamas acende o furor no coração dos soldados e seus filhos, Deimos (terror) e Phóbos (medo), também servidores fiéis desse Deus.
  O espetáculo da carnificina causa horror a Deusa Atena. Os gregos sempre preferiram a sábia, justa guerreira Palas Atena, filha da razão do Soberano do Olimpo. Atena é também patrona da guerra, mas trata-se do combate feito com inteligência e astúcia, motivado por um ideal honroso, guerra somente enquanto último recurso, quando torna-se insuficiente a lúcida resolução diplomática e pacífica de qualquer polêmica. Uma batalha também pode ser encarada como última e importante argumentação na defesa da justiça quando todas as outras falharam.
  Sempre às turras com seu inimigo Ares, pois nem sempre encontram-se do mesmo lado na batalha, Palas (a donzela) será a única mulher a imiscuir-se aos homens, sendo sempre respeitada por eles. Antes do começo da batalha, eles sentem sua presença inspiradora e com isso anseiam mostrar seu heroísmo. “Sacudindo a terrível égide, a Deusa brada e corre veloz entre as fileiras convocadas à batalha. Um momento atrás, esses homens haviam aplaudido com júbilo a ideia de voltar para sua pátria; agora a esquecem por completo: o espírito da Deusa faz agitar todos os corações com ardor bélico”.
  Renomados heróis como Tideu, Hércules, Ulisses e Aquiles dobram-se aos seus sábios conselhos.
Quanto ao herói Tideu, Atena foi sua fiel companheira de batalha, até quis torná-lo imortal. Aproximou-se do herói ferido de morte trazendo na mão a bebida da imortalidade. Mas ele estava a ponto de fender violentamente o crânio do adversário morto para sugar-lhe o cérebro. Horrorizada, a Deusa retrocedeu e o protegido para quem Ela cogitava o mais elevado destino mergulhou na morte comum, pois tinha desonrado a si mesmo.

“Atena seria mulher porque os orgulhosos heróis que se deixaram conduzir por Ela não se submeteriam tão facilmente a um varão, mesmo que fosse um Deus”.

  Quando em fúria cega Aquiles está prestes a liquidar Agamenon, Atena toca seu ombro e o aconselha a dominar-se, contentando-se em ofender o Atrida somente com palavras. O herói prontamente guarda a espada já desembainhada.
  Refletindo sobre a máxima de Heráclito: “A Guerra é Pai de todas as coisas”, é pela espada de Atena que se impõe a Justiça.


Nascimento de Palas Atena (Minerva)

Narra o mito que a Sabedoria e a Justiça, personificadas pela Deusa grega Atena, é fruto de Métis (a Astúcia, a Inteligência) com o poderoso Zeus, Ordenador do Cosmos.
Após ter sido proferido pelo oráculo que, se Zeus tivesse uma filha, Ela se tornaria ainda mais poderosa que Ele, Zeus tratou de engolir Métis para impedir o nascimento. Assim, Atena é gerada na cabeça do Soberano do Olimpo (por isso, a Deusa é associada ao lógos).
Findado o período de gestação, o Supremo Deus começou a sentir terríveis dores de cabeça, pois enquanto a Justiça não nasce, elas são inevitáveis.
Desesperado e no limite, Zeus ordena ao ferreiro divino Hefestos (Vulcano) que lhe abra a cabeça. Mesmo a contragosto, com técnica e precisão, desferra-lhe o machado de ouro certeiro e todos se surpreendem ao verem surgir, imponente e armada, pronta para a guerra, a Deusa Palas Atena.
Palas significa "a donzela", pois a poderosa filha pede ao pai para manter-se sempre virgem e, desta forma, impor-se com a autoridade de quem não se deixa seduzir ou corromper.

Sua principal característica física é o porte altivo. Invocando a proteção de Atena sobre todo e qualquer embate, tem-se a vitória como certa, uma vez que Palas Atena é sempre acompanhada por Niké (a Vitória).

Como pode ser visto nesse hino:


Hino Homérico XXVIII - A Atena:

Eu canto a Palas Atena, a gloriosa Deusa, de olhos brilhantes,
Inventiva, de coração aberto,
Virgem pura, Salvadora das cidades,
Corajosa, nascida da água. O sábio Zeus deu-lhe a luz por Ele mesmo
De Sua temível cabeça, adornada em armamento bélico
De ouro reluzente, e o terror tomou conta de todos os deuses assim que a fitaram.
Mas Atena surgiu rapidamente da cabeça imortal
E se pôs diante de Zeus que segura a égide,
Agitando uma lança afiada: o grande Olimpo começou a vacilar de horror
Ao poder da Deusa de olhos brilhantes,
E a terra girou em volta dos medrosos chorosos,
E o mar se moveu e se agitou com ondas escuras,
Enquanto a espuma se rompia repentinamente:
O brilhante Filho de Hipérion parou seus ligeiros cavalos por um longo instante,
Até a donzela Palas Atena despir-se da pesada armadura sobre Seus ombros imortais.
E o sábio Zeus estava contente.
E então saúdo a ti, filha de Zeus que segura a égide!
Agora eu me lembrarei de ti e de outra canção também.