terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Espada de Athena: Arma para fazer valer a Justiça

Retirado de ESDC

  Com a espada de ouro em punho ou lança resplandescente (numa imagem mais arcaica), que fora presente do Deus da techné Hefestos, Atena já nasce fortemente armada, pronta para a guerra. Mas o combate da Deusa grega é diferente da guerra do bélico Deus Ares.
  Na mitologia grega, Ares, é o cruel Deus da guerra, da carnificina. Individualista, não titubeia em impor sua caprichosa vontade a quem quer que seja. Enaltecido pelos romanos, impulsivo, Ares é um Deus de caráter epimetéico: primeiro age, depois pensa.
  Pensar é atividade da mente, do elemento Ar, este sim, distingue os homens das bestas. Daí a prudente razoabilidade de Atena ser tão necessária à manutenção da ordem (Cosmos) e à evolução do espírito humano.
  De gosto pelo desafio da conquista, Ares é acompanhado de Éris (a Discórdia), que com seu archote em chamas acende o furor no coração dos soldados e seus filhos, Deimos (terror) e Phóbos (medo), também servidores fiéis desse Deus.
  O espetáculo da carnificina causa horror a Deusa Atena. Os gregos sempre preferiram a sábia, justa guerreira Palas Atena, filha da razão do Soberano do Olimpo. Atena é também patrona da guerra, mas trata-se do combate feito com inteligência e astúcia, motivado por um ideal honroso, guerra somente enquanto último recurso, quando torna-se insuficiente a lúcida resolução diplomática e pacífica de qualquer polêmica. Uma batalha também pode ser encarada como última e importante argumentação na defesa da justiça quando todas as outras falharam.
  Sempre às turras com seu inimigo Ares, pois nem sempre encontram-se do mesmo lado na batalha, Palas (a donzela) será a única mulher a imiscuir-se aos homens, sendo sempre respeitada por eles. Antes do começo da batalha, eles sentem sua presença inspiradora e com isso anseiam mostrar seu heroísmo. “Sacudindo a terrível égide, a Deusa brada e corre veloz entre as fileiras convocadas à batalha. Um momento atrás, esses homens haviam aplaudido com júbilo a ideia de voltar para sua pátria; agora a esquecem por completo: o espírito da Deusa faz agitar todos os corações com ardor bélico”.
  Renomados heróis como Tideu, Hércules, Ulisses e Aquiles dobram-se aos seus sábios conselhos.
Quanto ao herói Tideu, Atena foi sua fiel companheira de batalha, até quis torná-lo imortal. Aproximou-se do herói ferido de morte trazendo na mão a bebida da imortalidade. Mas ele estava a ponto de fender violentamente o crânio do adversário morto para sugar-lhe o cérebro. Horrorizada, a Deusa retrocedeu e o protegido para quem Ela cogitava o mais elevado destino mergulhou na morte comum, pois tinha desonrado a si mesmo.

“Atena seria mulher porque os orgulhosos heróis que se deixaram conduzir por Ela não se submeteriam tão facilmente a um varão, mesmo que fosse um Deus”.

  Quando em fúria cega Aquiles está prestes a liquidar Agamenon, Atena toca seu ombro e o aconselha a dominar-se, contentando-se em ofender o Atrida somente com palavras. O herói prontamente guarda a espada já desembainhada.
  Refletindo sobre a máxima de Heráclito: “A Guerra é Pai de todas as coisas”, é pela espada de Atena que se impõe a Justiça.


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